Por Mateus Moreira e Letícia Oliveira

A hegemonia terminou: o Cruzeiro quebrou a sequência de três conquistas do Atlético e venceu o Campeonato Mineiro Feminino pela segunda vez. A partida desse domingo (19) também foi histórica não só pelo resultado, mas por ter sido a primeira decisão estadual a ser transmitida na TV Globo e a Rádio Itatiaia.
No entanto, dentro de campo, o clássico – vencido por 1 a 0 pelo Cruzeiro – dividiu atenção com decisões polêmicas. Richard Michel Lara Arruda comandou a arbitragem do jogo, no Independência, e tentou explicar o erro cometido em uma aplicação de cartões.
Relembre as situações
No primeiro lance, logo no início do segundo tempo, a meio-campista Dayana recebeu cartão amarelo por interceptar a bola com a mão em um ataque do Cruzeiro. Entretanto, o árbitro alegou, na súmula, que a punição era para Katielle. No entanto, se este fosse o caso, a camisa 6 das Vingadoras também deveria ter sido expulsa em outro lance, pois recebeu uma nova advertência aos 11 minutos por “desrespeito ao jogo”.
Minutos depois, aos 32’ da etapa final, Dayana cometeu outra falta e foi novamente advertida com o cartão amarelo. Richard foi informado da situação pelas auxiliares, mas deixou a partida seguir, sem expulsá-la.

Diante da situação, o árbitro assumiu a responsabilidade após o jogo. Na súmula, Richard afirmou que os erros nas anotações foram um “equívoco” da sua parte, mas que a partida prosseguiu “sem prejuízos para o resultado final”.
Confira o posicionamento
“Aos 2 minutos do segundo tempo, a atleta 08 Sra. (Dayana Lisset Rodrigues), da equipe (do Atlético Mineiro), deveria receber cartão amarelo por impedir um ataque promissor em que a referida atleta fez uma ação de bloqueio em uma posição anti natural. Entretanto, a atléta número 06, Sra (Katielle Cauanã Ribeiro), da equipe (Atlético Mineiro) estava próximo ao lance e, de forma equivocada, anotei cartão para essa última atleta.
Aos 32 minutos do segundo tempo, a atleta de número 08, Sra (Dayana Lisset Rodrigues) da equipe (Atlético Mineiro), atingiu a adversária com o antebraço, de forma temerária, o rosto da atleta adversária e tomou cartão amarelo.
As auxiliares AA1 Juliana, AA2 Suellen e 4ª árbitra Josiene questionam (sic) quando ao segundo cartão para atleta de número 08 e eu, com convicção, informo no rádio que havia sido aplicado para atleta de número 06 e não a atleta de número 08, sendo assim reinício (sic) a partida.
Nesse instante percebi que a anotação no meu cartão amarelo havia sido registrado para atleta de número 06, sra (Katielle Cauanã Ribeiro). Apenas foi notado o erro após o término da partida vendo imagens.
Informo que, mesmo diante do meu equívoco, o jogo procedeu normalmente até o final, não trazendo prejuízos para o resultado final.”
Outras polêmicas de arbitragem
Além da situação com os cartões amarelos e possíveis expulsões, a arbitragem de Richard Michel Lara Arruda foi questionada em outros momentos. No primeiro tempo da partida, houve uma reclamação de pênalti para cada lado. O Cruzeiro questionou um lance de bola na mão da defesa atleticana, enquanto o Atlético ficou na bronca após Lu Gómez ser derrubada dentro da área.
Ao fim da partida, as Cabulosas também reclamaram da penalidade marcada a favor do time alvinegro. Apesar do lance polêmico, nada interferiu no resultado: a goleira Taty Amaro defendeu a cobrança feita por Soraya.
Mais visibilidade para o futebol feminino
A decisão do Campeonato Mineiro Feminino de 2023 fez história ao ser a primeira final a ser televisionada e transmitida na TV aberta. Rede Globo e Rádio Itatiaia fizeram a cobertura do clássico que entrou para a história do futebol feminino no estado.
O Independência foi palco de uma disputa intensa dentro de campo, mas do lado de fora o clima foi de muito acolhimento. Com a presença de mais de 5 mil torcedores do Cruzeiro, mandante do jogo, entre eles estavam muitas mulheres e meninas, mostrando um lugar de representatividade e, além de tudo, muito amor pelo esporte.

Em entrevista à Revista Marta, Byanca Brasil, atacante do Cruzeiro e responsável pelo gol da vitória celeste, destaca a importância da torcida e da visibilidade cada vez maior do futebol feminino.
“Estou muito feliz que a torcida tá aqui, fez total diferença. A gente ali cansada e eles gritando, a gente sendo incentivada o tempo todo. Peço que eles venham mais vezes, nos apoiem… E que isso se torne normal, porque é um espetáculo e a gente mostrou mais uma vez isso. Que a gente tenha mais apoio e visibilidade porque a gente merece”
BYANCA BRASIL, ATACANTE DO CRUZEIRO