Brasil terá a maior delegação dos últimos anos na canoagem de velocidade

O grande destaque da convocação é o medalhista olímpico Isaquias Queiroz, que pode se tornar o maior medalhista da história do Brasil

Por Júlia Cruz (@juliakcruz)

A canoagem é um esporte que promete movimentar a torcida brasileira nos Jogos Olímpicos de Paris 2024. Além da estrela, o bahiano Isaquias Queiroz, que pode fazer história, o Brasil chega com uma delegação forte e a maior dos últimos anos, contando com seis atletas e grandes possibilidades de pódio olímpico.

Em Paris 2024, pela primeira vez na história, a medalha de ouro Olímpica na canoagem slalom estará na disputa para homens e mulheres com a inclusão do caiaque cross. Um total de 236 atletas (117 homens e 117 mulheres) competirão em Paris, uma queda se comparada aos 248 de Tóquio. As disputas são realizadas com eliminatórias, semifinais e finais.

Os eventos da canoagem de velocidade ocorrerão no entre os dias 6 e 10 de agosto, no estádio náutico de Vaires-sur-Marne, a leste da capital francesa e para te ajudar a ficar por dentro do esporte, a Revista Marta preparou um guia com os principais detalhes da modalidade.

Resumo da Modalidade

A canoagem velocidade tornou-se uma modalidade olímpica nos Jogos de Berlim 1936 depois de se apresentar como um evento de demonstração nos Jogos Olímpicos Paris 1924, há exatamente um século atrás. A modalidade feminina chegou em Londres 1948, porém foi apenas na última edição, em Tóquio 2020, quase 100 anos após a introdução do esporte, que as mulheres passaram a competir também com canoas e não somente com caiaques. 

As corridas de canoa e caiaque que fazem parte do programa dos Jogos Olímpicos, possuem cada uma delas regras específicas. Na canoa, os atletas se ajoelham no barco e usam um remo de lâmina única em um lado de cada vez, enquanto no caiaque é preciso ficar sentado e utilizar um remo de lâmina dupla. As categorias de corrida variam de acordo com o número de atletas no barco, a duração do percurso (as provas femininas são de 200m ou 500m, já as masculinas são de 500m ou 1000m) e se o barco é uma canoa ou caiaque. As corridas de canoa às vezes são chamadas de corridas de águas planas. Essas corridas acontecem em cursos retos com cada barco remando em sua própria raia designada.

No geral, a Europa dominou o esporte, conquistando mais de 90% de todas as medalhas disponíveis. Um dos países mais tradicionais e também o país com mais medalhas conquistadas na canoagem de velocidade é a Hungria. Os húngaros possuem 86 medalhas, sendo 28 de ouro, 31 prata e 27 bronze. O pódio dos maiores medalhistas é completado por Alemanha (61 medalhas) e União Soviética (51 medalhas).

A Alemanha possui tamanha tradição no esporte que uma das maiores medalhistas da história do país é uma atleta da canoagem de velocidade. A alemã Birgit Fischer é a 16ª atleta olímpica geral com mais medalhas, sendo 10 no total (7 ouros e 3 pratas).

Após o feito histórico de Isaquias Queiroz, desde a edição Rio 2016, o Brasil vem forte na conquista de medalhas. O baiano é responsável direto por todas as quatro medalhas do Brasil na canoagem velocidade, tendo conquistado um ouro inédito em Tóquio, na categoria C-1 1000, além das duas pratas nas categorias C-1 1000 e C-2 1000 (junto de Erlon Silva) e o bronze C-1 200 metros na Rio 2016.

Foto: Breno Barros/rededoesporte.gov.br

Últimos campeões olímpicos

Canoagem de Velocidade (Sprint)

Masculino

K1 200m: Sandor Totka (Hungria)

K1 1000m: Balint Kopasz (Hungria)

K2 1000m: Fernando Pimenta e Emanuel Silva (Portugal)

K4 500m: Alemanha (Max Rendschmidt, Ronald Rauhe, Tom Liebscher, Max Lemke)

C1 1000m: Isaquias Queiroz (Brasil)

C2 1000m: China (Liu Hao, Zheng Pengfei)

Feminino

K1 200m: Lisa Carrington (Nova Zelândia)

K1 500m: Lisa Carrington (Nova Zelândia)

K2 500m: Nova Zelândia (Lisa Carrington, Caitlin Regal)

K4 500m: Hungria (Danuta Kozak, Tamara Csipes, Anna Karasz, Dora Bodonyi)

C1 200m: Nevin Harrison (EUA)

C2 500m: China (Xu Shixiao, Sun Mengya)

Canoagem Slalom

Masculino

K1: Jiri Prskavec (República Tcheca)   

C1: Benjamin Savsek (Eslovênia)

Feminino

K1: Ricarda Funk (Alemanha)

C1: Jessica Fox (Austrália)

Resultados da última temporada

No circuito masculino, os grandes favoritos ao pódio olímpico, além do brasileiro Isaquias, são os atuais medalhistas mundiais, o tcheco Martin Fuksa e seu vice, Cătălin Chirilă da Romênia. Além deles, o bicampeão olímpico e atual terceiro lugar no campeonato mundial, o alemão Sebastian Brendel também deve deixar a disputa bastante emocionante. Isaquias não teve seu melhor desempenho no mundial da Alemanha em 2023, ficando apenas o 6° lugar, mas conquistou sua vaga em Paris através do pré olímpico das Américas que aconteceu em março deste ano, no Rio de Janeiro. 

Na canoagem feminina, Valdenice Conceição é a atual campeã panamericana na categoria C1 200m. A conquista histórica contou como pré-olímpico das Américas da modalidade e classificou a brasileira para Paris. Ana Paula Vergutz foi vice-campeã no K1 500 metros no Pan-Americano de Canoagem de Velocidade. O ouro ficou com a argentina Brenda Rojas. Ana se junta a Valdenice como as primeiras brasileiras a se classificarem pela canoa e caiaque, respectivamente, para a competição. 

A competição vai contar ainda com presenças como a neozelandesa Lisa Carringto, que ganhou sua quarta medalha de ouro no K-1 500 feminino no Campeonato Mundial de Canoagem de Velocidade da ICF em Duisburg, Alemanha. A espanhola Maria Corbera é a atual campeã europeia na modalidade C200m e foi bronze no mesmo ano na categoria C1 100m e chega como uma das favoritas ao pódio.

Divulgação/ Instagram Lisa Carrington

Classificados brasileiros

O Brasil chega a Paris com sua maior delegação da história da canoagem com 6 atletas disputando 5 provas. São eles:

  • C1 1.000m masculino – Isaquias Queiroz
  • C1 1.000m masculino – Matheus Nunes Bastos
  • C2 500m masculino – Jacky Godmann e Isaquias Queiroz
  • C1 200m feminino – Valdenice Conceição
  • K1 1000 masculino – Vagner Souta
  • K1 500m feminino – Ana Paula Vergutz

Além deles, com a estreia do caiaque cross na modalidade canoagem slalom, o Brasil tem chances de somar mais uma medalha ao seu quadro com Pepê Gonçalves e Ana Satila que chegam como promessa de pódio.

Pedro Henrique Gonçalves, ou Pepê, é atualmente o segundo lugar no ranking mundial e tem no currículo um ouro e um bronze em mundiais. O atleta ficou em quarto lugar nas duas etapas de Copas do Mundo realizadas esse ano no caiaque cross.

Ana Satila disputará três provas em Paris e tem chances reais de medalha em todas. Após três etapas da Copa do Mundo em 2024, ela está em segundo no ranking mundial do C1 (Canoa individual) e terceiro no K1 (caiaque individual). 

Isaquias Queiroz, que foi o porta-bandeira do Brasil na cerimônia de abertura, o atual campeão olímpico conquistou duas medalhas de ouro na etapa da Hungria da Copa do Mundo de canoagem, competição que contou com alguns dos principais adversários que vai enfrentar nas Olimpíadas. Apesar de não ter se saído tão bem no Mundial de Canoagem e ter ficado cerca de 4 meses sem treinar por motivos pessoais, ele chega à Paris ainda como um dos favoritos e grande esperança do Brasil. Além disso, Isaquias pode fazer história novamente: ele já é o brasileiro que mais conquistou medalhas em uma única edição dos Jogos Olímpicos e pode ir além em Paris e também se tornar o atleta do Brasil com mais pódios em toda a história das Olimpíadas.

Destaques da modalidade

Além de Isaquias, os destaques na competição entre homens são o tricampeão olímpico alemão Sebastian Brendel que demonstrou ainda estar em ótima forma no último campeonato mundial realizado em seu país, conquistando a medalha de bronze em sua especialidade, o C-1 1000. Brendel, que acumulou 13 títulos mundiais desde 2013 o tcheco Martin Fuksa, que garantiu seu terceiro título mundial juntamente do romeno Catalin Chirila, prometem ser os grandes destaques da modalidade masculina.

Já no feminino temos a lenda da Nova Zelândia, Lisa Carrington, que vai para a sua quarta participação em Olimpíadas competindo em alto nível e disputando ouro. Outro destaque é a espanhola Maria Corbera que chega a Paris como um dos principais trunfos da Espanha para conquistar uma medalha nos Jogos. Escolhida pelo Comitê Olímpico Espanhol como a melhor atleta de 2023, participará da canoagem em Paris, especificamente nas provas C1 200 e C2 500 metros. Ela chega a sua primeira participação com um pré-olímpico repleto de conquistas: seis medalhas em Campeonatos Mundiais de Canoagem entre 2021 e 2023 e cinco medalhas em Campeonatos Europeus de Canoagem, em 2022 e 2024. 

Valdenice Conceição, além de atual campeã panamericana, também foi a primeira mulher do país a ganhar uma medalha em canoagem de velocidade em Jogos Pan-Americanos ao conquistar o bronze no C1 200m, em 2015. Ela também tem um ouro conquistado na Copa do Mundo de Racice de 2017. Ela chega a Paris como uma das favoritas ao pódio em sua categoria. 

Avatar de Desconhecido

Autor: coberturaparis2024

Turma de 31 estudantes de Comunicação da UFMG que integram a parceria entre a Revista Marta e a Rádio UFMG para a cobertura dos Jogos Olímpicos de 2024, em Paris.

Deixe um comentário