Jogos prometem muitas atrações, inclusive Nadal e Alcaraz jogando duplas
Por Ana Carolina Vimieiro (@carolvimieiro13)
As chaves de simples e duplas do tênis nas Olimpíadas de Paris prometem movimentar o complexo de Roland Garros nos primeiros dez dias do evento. As partidas de tênis têm início neste sábado (27) e vão até o dia 04 de agosto, segundo domingo de competições. As chaves de simples terão, cada uma, 64 atletas. Nas duplas femininas e masculinas, serão 32 duos e, nas mistas, 16. Bia Haddad será a 14ª cabeça de chave no simples, o que garante jogos mais tranquilos nas primeiras duas rodadas para a brasileira. A partir das oitavas de final, a tenista pode pegar outras cabeças de chave. As finais ocorrem nos dias 02, 03 e 04 de agosto. A Revista Marta preparou um resumo com os detalhes mais importantes da modalidade para te preparar para a maratona de jogos dos próximos dias.
Resumo sobre a modalidade
O tênis fez parte dos jogos inaugurais da era moderna, em 1896. Saiu das Olimpíadas de Verão depois de 1924. Retornou como demonstração em 1968 e 1984 e voltou em definitivo em 1988. Depois que retornou às Olimpíadas, o evento vem crescendo de importância entre as/os tenistas. Hoje, alguns consideram que ganhar uma medalha nos jogos é tão importante quanto ganhar um dos grand slams da modalidade – os quatro principais torneios do calendário anual do tênis. Contudo, ainda temos muitos tenistas abrindo mão de disputar as Olimpíadas. Por exemplo, a tunisiana Ons Jabeur, uma das tenistas mais carismáticas do circuito, não vai disputar os Jogos de Paris 2024 por opção.
O tênis é extremamente popular em vários países, com destaque para Inglaterra, Austrália e EUA. Os EUA, por exemplo, possuem 94 campeões de grand slam de simples em sua história, com a Austrália na sequência com 54 e a Inglaterra com 38. O tênis é também significativamente popular na Espanha, França, Rússia, Suíça, Suécia, Alemanha e República Tcheca. Nos países do leste europeu, o tênis é significativamente popular entre as mulheres. É também popular na América do Sul, com destaque para a Argentina, que tem quatro jogadores de simples campeões de grand slams em sua história.
O Brasil possui dois campeões de grand slam em simples na história: a lendária Maria Esther Bueno, que foi campeã de Wimbledon no simples por três vezes e do US Open por quatro vezes, e Guga, Gustavo Kuerten, campeão de simples de Roland Garros por três vezes. O Brasil também possui outros jogadores/as que ganharam grand slams nas duplas: Thomaz Koch, Marcelo Melo, Bruno Soares, Luisa Stefani e Rafael Matos, além de Maria Esther Bueno que venceu 12 grand slams de duplas na carreira.
Nos Jogos Olímpicos, as únicas atletas, entre mulheres e homens, a terem já ganhado uma medalha para o Brasil são Luisa Stefani e Laura Pigossi, que foram bronze nas duplas femininas em 2021 em Tóquio.

As partidas de simples em Paris serão jogadas em melhor de três sets com tiebreak padrão (7 pontos) ao final. As partidas de duplas terão match tiebreak (10 pontos) ao invés de terceiro set. Desde Londres 2012 que vitórias nas Olimpíadas não valem pontos para os rankings da modalidade.
Últimos campeões olímpicos
- Belinda Bencic (Suíça) – simples feminino
- Alexander Zverev (Alemanha) – simples masculino
- Barbora Krejcikova e Katerina Siniakova (República Tcheca) – duplas feminino
- Nikola Mektic e Mate Pavic (Croácia) – duplas masculino
- Anastasia Pavlyuchenkova e Andrey Rublev (Rússia – competiram com a sigla ROC) – duplas mistas
Resultados das últimas temporadas
Nos últimos anos, o circuito feminino foi dominado pela polonesa Iga Swiatek, que desde 2022 termina a temporada como número 1 do ranking de simples da WTA (Women’s Tennis Association), a entidade que governa a modalidade. Além de Swiatek, são destaques a estadunidense Coco Gauff (2ª) e a italiana Jasmine Paolini (5ª) que chega com chances, depois de fazer as finais de Roland Garros (derrotada por Iga Swiatek) e de Wimbledon (derrotada por Barbora Krejcikova) de 2024.
O circuito masculino anda mais disputado, sem um favorito claro ao ouro olímpico como é Iga Swiatek no feminino. Chegam com muitas chances o espanhol Carlos Alcaraz, vencedor de Roland Garros e Wimbledon em 2024, o alemão Alexander Zverev (4º), atual campeão olímpico e finalista de Roland Garros (derrotado por Carlos Alcaraz) este ano, e a lenda sérvia Novak Djokovic, que teve uma lesão no joelho em maio, mas voltou a competir em julho, fazendo inclusive final de Wimbledon (derrotado por Carlos Alcaraz).
Nas duplas, destaque para as atuais campeãs olímpicas, Barbora Krejcikova e Katerina Siniakova, da República Tcheca, para as italianas Jasmine Paolini e Sara Errani, e para as estadunidenses Coco Gauff e Jessica Pegula. As três duplas têm histórico no circuito de duplas, além de serem também ótimas jogadoras de simples.
No masculino, a maior atração promete ser o dream team espanhol, a dupla entre Rafael Nadal e Carlos Alcaraz. Jogando em Roland Garros, onde Nadal é recordista de títulos com 14 grand slams no simples, e Alcaraz é o atual campeão, a participação do duo nas Olimpíadas será uma das grandes atrações para os apaixonados por tênis.

Além de Nadal/Alcaraz, teremos nas duplas masculinas duplistas de carreira, com destaque para a dupla italiana, Andrea Vavassori e Simone Bolelli, finalistas em 2024 tanto do Australian Open quanto de Roland Garros, e os australianos Matthew Ebden e John Peers, vencedores de grand slam e ex-número um e dois do mundo, respectivamente.
Brasil tem classificados?
Sim, o Brasil tem cinco classificados: Beatriz Haddad Maia, Luisa Stefani, Laura Pigossi, Thiago Monteiro e Thiago Wild. O Brasil também tem dois suplentes que podem entrar na chave de duplas: Rafael Matos e Marcelo Melo.
A classificação de tenistas para as Olimpíadas é complexa e leva em conta diversos critérios, porém o principal é o ranking da WTA e da ATP (Men’s Professional Tennis). Bia Haddad (20ª) e Thiago Wild (74º) entraram por essa regra. Laura Pigossi (110ª) e Thiago Monteiro (86º) se classificaram em função das medalhas nos Jogos Pan-Americanos de Santiago 2023. Nas duplas, Luisa Stefani (12ª) se juntará à Bia Haddad (44ª). Wild e Monteiro também jogarão a chave de duplas.
Rafael Matos (40º) e Marcelo Melo (41º) são os terceiros suplentes nas duplas masculinas e podem entrar caso duplas classificadas desistam em razão de lesão, por exemplo. Laura Pigossi (213ª) e Ingrid Martins (76ª) também são suplentes, mas com menos chances em função do ranking.
As duplas mistas serão definidas no dia 24 de julho com as jogadoras e jogadores presentes em Paris, com até uma equipe por país.
Brasil tem candidatos à medalha?
Sim, a maior chance do Brasil talvez seja com a dupla Bia Haddad/Luisa Stefani. Luisa Stefani é especialista em duplas e vem de bons resultados desde que retornou da grave lesão que teve no joelho direito nas semifinais do US Open de 2021. Luisa retornou ao circuito em setembro de 2022, ganhando importantes títulos desde então: WTA 1000 de Guadalajara (2022), WTA 500 de Adelaide (2023), Australian Open de duplas mistas (2023), WTA 500 de Abu Dhabi (2023), WTA 500 de Berlim (2023) e WTA 1000 de Doha (2024). Luisa ainda ganhou medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos de Santiago 2023 ao lado de Laura Pigossi e voltou ao top 10 do ranking de duplas depois do US Open de 2023 (Luisa já foi 9 do mundo em 2021). Chama a atenção o fato que Luisa Stefani ganhou os títulos com uma variedade de parceiras/os, demonstrando a expertise da atleta na categoria.
Bia Haddad, por outro lado, é também boa duplista. Bia foi top 10 do mundo de duplas em 2023 e finalista do Australian Open em 2022. Chegou às quartas de final do US Open de 2023 nas duplas femininas e em Roland Garros de 2022 nas duplas mistas. A chance de Bia e Luísa parece ser maior uma vez que a chave das duplas femininas parece mais aberta do que o simples feminino. No simples feminino, apesar dos bons resultados de Bia no saibro, o favoritismo é todo de Iga Swiatek que venceu o Aberto de Madrid, o Aberto da Itália, Roland Garros e fez final de Stuttgart, sua única derrota no saibro em 2024.
Destaques da modalidade
Os dois grandes destaques da temporada são a polonesa Iga Swiatek e o espanhol Carlos Alcaraz. Swiatek vem liderando o ranking feminino desde 2022 e é arrasadora no saibro, com um retrospecto impressionante com apenas uma derrota em Stuttgart em 2024. Com apenas 23 anos, Iga tem 22 títulos na carreira, incluindo cinco grand slams, sendo quatro deles em Roland Garros, onde será disputado o torneio de tênis das Olimpíadas de Paris.
Já Alcaraz vem de título em Roland Garros e Wimbledon e, particularmente, sua vitória na final da Inglaterra, sobre Novak Djokovic por 3 sets a 0, pareceu uma passagem de bastão de um atleta que foi altamente dominante nos últimos 10 anos para outro que promete ser um dos melhores da modalidade nos próximos anos. Com apenas 21 anos, Carlitos, como prefere ser chamado, acumula 15 títulos, incluindo quatro grand slams. Diferentemente de Iga, que é muito dominante no saibro, Alcaraz se dá bem em todos os pisos, já tendo ganhado grand slams nos três pisos principais do tênis: quadra dura (US Open), saibro (Roland Garros) e grama (Wimbledon).
Paris 2024 será ainda o último torneio da carreira do tenista britânico Andy Murray e da tenista alemã Angelique Kerber. Andy foi número 1 do mundo, vencedor de três grand slams e levou o ouro de simples masculino nos jogos de Londres 2012 e Rio 2016. O tenista de 37 anos vem sofrendo com diversas lesões nos últimos anos e confirmou na terça, dia 23, que os Jogos Olímpicos serão sua última competição profissional. Angelique também foi número 1 do mundo, vencedora de três grand slams e medalhista de prata no simples na Rio 2016. Kerber havia se afastado do circuito em meados de 2022 para ter a filha, Liana. A tenista retornou às quadras em janeiro de 2024 e anunciou nesta quinta que Paris 2024 será também sua despedida como profissional.
Curiosidades do tênis
Dizem no tênis que se um/a tenista ganha a medalha olímpica de ouro juntamente com os quatro grandes torneios no mesmo ano (grand slams), ele ganhou um “Golden Slam”. Se a/o atleta ganha os grandes torneios e o ouro Olímpico, mas não no mesmo ano, ele ganhou um “career Golden Slam”. A única atleta, mulher ou homem, a já ter ganho o Golden Slam (Olimpíadas + quatro torneios no mesmo ano) é a tenista alemã Steffi Graf, que dominou a temporada de 1988 quando alcançou a marca. Serena Williams é a única atleta, mulher ou homem, a possuir o “career Golden Slam” no simples e nas duplas.
WTA e ATP têm uma ferramenta no site das associações com os jogadores e jogadoras pronunciando seus próprios nomes. É uma ótima dica para aprender a falar o nome deles corretamente.