Por Alice Carvalho e Lívia Farias
Pela primeira vez nas olimpíadas, o breaking promete mostrar esse estilo de dança urbana que mistura hip-hop, funk, soul e breakbeat para o mundo. As provas ocorrem mais para o final do evento esportivo, nos dias 9 e 10 de agosto com as competições femininas e masculinas, respectivamente. Ao todo, serão 16 B-Girls e 16 B-Boys na disputa por medalhas olímpicas pela primeira vez. O Brasil, apesar de ter nomes importantes no breaking, como o campeão mundial do Red Bull BC One, o B-Boy Neguin, não se classificou para a modalidade.
Resumo sobre a modalidade
O breaking é um dos esportes mais recentes a integrar as Olimpíadas de Verão, fazendo sua estreia nos Jogos de 2024, junto com a nova prova de caiaque cross. O breaking é uma dança que é acompanhada por músicas contendo batidas de bateria, normalmente hip-hop, funk, soul e breakbeat, entretanto, com a grande popularização tem sido acompanhado por outros estilos musicais também. A competição é uma batalha de um contra um, o tempo de apresentação varia de 45 segundos a 1 minuto. Os critérios de avaliação para os jogos olímpicos serão criatividade, performance e técnica. Não há notas, os juízes entram em uma decisão final de quem será os vencedores.
Originado nos anos 1970 no Bronx, em Nova York, o breaking surgiu nas comunidades periféricas, compostas predominantemente por pessoas negras e latinas. Inicialmente criado para resolver disputas territoriais de forma pacífica, o breaking é uma forma de dança que se tornou um dos pilares da cultura hip-hop. Este estilo inovador de dança não apenas contribuiu para a popularização do hip-hop, mas também se consolidou como um dos movimentos mais significativos da arte urbana, marcando um importante capítulo na cultura de rua.
No Brasil, o breaking chegou nos anos 1980, principalmente em São Paulo. A estação de metrô Santo Bento tornou-se um ponto de encontro central para os praticantes. A versão brasileira do breaking incorporou influências da capoeira, trazendo elementos distintivos e únicos ao estilo.
Os atletas do breaking brasileiro têm certo receio em relação ao ingresso da modalidade nas Olimpíadas, temendo que o esporte se torne elitizado e que um grupo seleto de pessoas acabe institucionalizando a modalidade e captando os recursos financeiros para uso próprio.
As provas acontecem na Place de la Concorde. O local será o epicentro dos esportes urbanos durante os Jogos.
Resultados em outras competições
O principal campeonato do breaking é o Red Bull BC One, onde 16 B-Boys e 16 B-Girls apresentam o esporte a todo o mundo. No último campeonato, Red Bull BC One Cypher Portugal 2024, Vanessa e Deeogo foram os vencedores e carimbaram o passaporte para a Final Mundial no Rio de Janeiro. O único brasileiro vencedor desse campeonato foi o paranaense Fabiano Carvalho Lopes, conhecido como B-Boy Neguin, que ganhou em 2009. O artista de 35 anos é considerado um dos melhores B-boys do mundo, já tendo participado de mais de 100 campeonatos internacionais. Neguin diz que foi juntando capoeira, dança, jiu-jitsu e samba que criou um estilo único que conquistou o mundo.
Brasil tem classificados?
O Brasil teve nomes importantes tentando uma vaga em Paris pelo mundial. Toquinha, Drika, Pekena, Nathalia, Karolzinha, Mini Japa, Itsa e Maia representando as mulheres e Dinho, Luan San, Flash, Kapu, Ratin, Kley, Rato e Bart representando os homens. Apesar disso, os atletas brasileiros não conseguiram ficar entre os 16 primeiros nomes do ranking internacional. Portanto, o Brasil não terá representantes no breaking em Paris.

Destaques da modalidade
Os dois grandes destaques da modalidade são o americano Victor Montalvo, atual bicampeão mundial de breaking, e a lituana Dominika Banevič, campeã mundial de 2023.
Curiosidades do Breaking
- B-boy Neguin, único latino-americano e brasileiro a conquistar o cinturão de campeão mundial, já fez performance com Justin Timberlake e se relacionou com Madonna.
- A categoria feminina de breaking no Red Bull BC One, principal campeonato, só foi criada em 2018.
- As B-Girls brasileiras já reivindicavam espaço na cena e, em 2003, surgiu a BSBGIRLS, primeira crew do Distrito Federal formada só por mulheres e que hoje conta com B-Girls de todo Brasil.
- No final de 2021, o Conselho Nacional de Dança Desportiva (CNDD) anunciou a primeira Seleção Brasileira de Breaking da história olímpica.