Escalada esportiva passará a ter novo formato em Paris 2024

O esporte, que estreou em Tóquio com modalidades combinadas, volta em sua 2ª participação com mais provas, medalhas e atletas

Por Hellen Cordeiro

Essa é a segunda participação da escalada esportiva nos Jogos Olímpicos, um esporte que reúne resistência, técnica e estratégia. Desta vez, o evento será disputado em Le Bourget entre os dias 5 e 10 de agosto e reunirá 68 atletas de 22 países. Esse é um dos esportes que conseguiu alcançar a igualdade numérica de participantes entre homens e mulheres.

Neste guia te apresentamos um pouco dessa modalidade, que é uma das mais recentes de todo o circuito olímpico e chega com novidades para Paris 2024.

Resumo da modalidade

A escalada é uma prática antiga, com os seus primeiros indícios  por volta de 400 a.C. Porém, a primeira competição de escalada só ocorreu no ano de 1982, na Itália. Esse é um esporte moderno que popularizou-se nos últimos 20 anos. Seus primeiros passos rumo aos Jogos Olímpicos foram em 2015, quando a Federação Internacional de Escalada Esportiva, órgão que regulamenta a modalidade a nível mundial, propôs sua inclusão nos Jogos Olímpicos. Essa proposta foi aceita no ano seguinte para ter sua estreia em Tóquio. Em 2018, a escalada ingressou nos Jogos Olímpicos da Juventude de Buenos Aires, conquistando público. E em Tóquio 2021, enfim, a modalidade foi introduzida no programa olímpico.

Diferentemente do torneio de estreia, em Tóquio, onde todas as modalidades da escalada esportiva foram disputadas em conjunto e se tinha o melhor desse combinado, em Paris, elas serão disputadas como duas provas distintas, a speed e a combinação boulder e lead.

  • A speed é a escalada em velocidade, em que os dois oponentes disputam lado a lado quem consegue alcançar primeiro o topo da parede.
  • A boulder e lead são provas de dificuldade. Na primeira, os atletas escalam os “problemas”, que são rotas curtas de até 4,5 metros, sem uso de corda e dentro de um limite de tempo e tentativas. Já a lead consiste em subir o mais alto possível uma parede de 15 metros dentro do intervalo de seis minutos, isso sem conhecer o percurso.

Últimos medalhistas olímpicos

Combinado Feminino:

  1. Janja Garnbret (Eslovênia)
  2. Miho Nonaka (Japão)
  3. Akiyo Noguchi (Japão)

Combinado Masculino:

  1. Alberto Gines Lopez (Espanha)
  2. Nathaniel Coleman (Estados Unidos)
  3. Jakob Schubert (Áustria)

Classificatórias e competições que antecederam os Jogos de Paris

Além das vagas destinadas ao anfitrião (1 para cada gênero) e outras duas de universalidade, as demais vagas poderiam ser conquistadas nas seguintes competições: o Campeonato Mundial 2023, as eliminatórias continentais de 2023 e os Pré-Olímpicos em 2024.

O Campeonato Mundial de Escalada Esportiva ocorreu em Berna, na Suíça. Foram distribuídas, por gênero, três vagas no combinado boulder-lead e duas na velocidade. Foram cerca de 800 escaladores de 60 nações. No feminino guiado, Ai Mori saiu vitoriosa sobre a favorita ao título, Janja Garnbret. Na disputa masculina, o pódio foi formado por Jakob Schubert, Sorato Anraku e Alex Megos. A modalidade boulder contou com as vitórias de Janja Garnbret e Mickael Mawem em suas respectivas categorias.

Em seguida, foram realizadas as competições continentais nos territórios africano, asiático, europeu, da Oceania e no americano. O Pan-Americano, assim como nos outros torneios continentais, foi responsável por distribuir mais duas vagas para seus dois atletas mais bem colocados, um no feminino, outro no masculino. Os destaques na competição foram os atletas dos Estados Unidos, que garantiram o ouro e a prata em todas as modalidades. O Brasil não teve representantes classificados para a final.

Por fim, tivemos os pré-olímpicos, realizados entre março e junho deste ano. Para conseguir vaga nestes torneios, os atletas precisaram ser convidados, algo que é baseado nos resultados e nos ranqueamentos de competições que ocorreram em 2023. Essa foi a última chance dos atletas conquistarem vagas para representarem seus países em Paris. Por gênero, os dez melhores no boulder-lead e os 5 melhores no speed conseguiram suas cotas tão esperadas.

Brasil sem representantes na escalada

A escalada esportiva é um dos esportes que o Brasil não possui representantes, assim como no polo aquático e no pentatlo moderno, por exemplo. Na estreia olímpica dessa modalidade, o Brasil também não contou com participantes.

Os atletas brasileiros que participaram do Pan-Americano de Santiago, que serve de pré-olímpico da escalada, não conseguiram chegar às finais. Os melhores resultados nessa competição foram o 14º lugar de Anja Koehler no feminino e o 10º de Felipe Ho no masculino, ambos pela modalidade boulder e lead. Pela categoria speed, o único representante foi Pedro Egg, que também não avançou nas eliminatórias, ficando na décima posição.

Felipe Ho foi o brasileiro melhor colocado no Pan-Americano de 2023, mas não conseguiu a vaga olímpica. Foto: Divulgação/Instagram @felipe.hoo

Por não conseguir os resultados necessários, nenhum atleta brasileiro foi listado pela Federação Internacional de Escalada Esportiva para a disputa da Olympic Qualifier Series, que é a qualificação que distribuiu vagas para a competição olímpica.

Destaques da modalidade

Os atuais campeões olímpicos, Alberto Gines e Janja Garnbret continuam sendo dois atletas com potencial para conquista de medalhas. Porém, neste ano, as provas sofreram alterações e já não é a combinação das três modalidades, mas sim duas categorias distintas. Portanto, Gines, que é especialista em Boulder, e Garnbret, especialista do lead, irão enfrentar outros atletas que também são destaques nessas modalidades.

Na categoria velocidade (speed), o indonésio Veddriq Leonardo dominou a Copa do Mundo masculina da modalidade de 2023 e estabeleceu um novo recorde mundial em Seul (República da Coreia): ele realizou a prova em 4,9 segundos. Nos dois torneios mais recentes, Veddriq também conquistou o 1º lugar no Olympic Qualifier Series da etapa de Shangai em maio 2024, e o 3º lugar  na etapa de Budapeste da mesma competição. Porém o chinês Peng WU será um desafiante à altura, ele foi 2º em Shangai e 1º em Budapeste, além de ser o atual 2º colocado no ranking mundial (ranking do iFSC – Federação Internacional de Escalada Esportiva). Outro nome em destaque é o de Matteo Zurloni, líder do ranking mundial de escalada speed.

No feminino, a polonesa Natalia Kalucka é a primeira colocada do ranking. Mas o principal nome nesses jogos olímpicos é o de Aleksandra Miroslaw. Terceira colocada no ranking da iFSC Climbing, a também polonesa se consagrou campeã europeia em 2022 e quebrou cinco vezes o recorde na última temporada – a marca atualmente é de 6.24 segundos.

No boulder e lead masculino, Sorato Anraku, do Japão, foi o destaque em 2023. Líder tanto no combinado quanto nas modalidades separadas, o japonês ficou em primeiro lugar no  IFSC World Cup Salt Lake City 2024. Seus principais oponentes serão o britânico Toby Roberts, atual vice-líder, e o austríaco Jakob Schubert, que ocupa a 3ª posição.

No combinado feminino, a eslovena Janja Garnbret desponta como líder do ranking, mais de 2000 pontos à frente da segunda colocada, Brooke Raboutou (EUA). Garnbret busca o bicampeonato olímpico. Nas provas isoladas da Copa do Mundo, Natalia Grossman foi campeã do boulder e Jessica Pilz no lead.

Curiosidades da escalada esportiva

  • Segundo dados do site oficial das Olimpíadas, são 25 milhões de praticantes em 150 países em todo o mundo. Além de ser um esporte que atrai mais o público jovem: 39% dos atletas com menos de 18 anos.
  • Veddriq Leonardo se tornou o primeiro atleta a escalar a parede em menos de 5 segundos. O feito ocorreu na Copa do Mundo, que ocorreu em Seul, na Coreia do Sul, em 2023.

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Autor: coberturaparis2024

Turma de 31 estudantes de Comunicação da UFMG que integram a parceria entre a Revista Marta e a Rádio UFMG para a cobertura dos Jogos Olímpicos de 2024, em Paris.

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