A “Brazilian Storm” é uma das grandes esperanças de medalha do Brasil nas Olímpiadas de Paris de 2024

Por Gustavo de Vasconcelos Monteiro (@gmonteiro1910)

Em sua segunda participação nos Jogos Olímpicos, o surfe volta para as Olimpíadas de Paris, em 2024, na famosa praia de Teahupoo, em Tahiti, ilha integrante da Polinésia Francesa. Após a medalha de ouro conquistada no surfe masculino em Tóquio, a equipe brasileira retorna para a disputa com grandes nomes em evidência.

Resumo da Modalidade 

Pedida por atletas e fãs desde 1920, o surfe estreou como modalidade olímpica apenas na edição de Tóquio, em 2021, um século após as primeiras manifestações em defesa do esporte. A origem do surfe ainda é incerta, disputada pelos povos polinésios, que ocuparam diversas ilhas ao redor do Oceano Pacífico, como o Hawaii, e os peruanos, na América do Sul. No Brasil, o esporte surgiu na década de 1950, em Santos, no litoral paulista, e se popularizou durante a década de 1960, no Rio de Janeiro, com a criação das primeiras associações de surfistas.

Dentre os países nos quais o esporte mais se popularizou, é possível destacar a Austrália, que possui o maior número de títulos da World Surf League (WSL) nas categorias masculinas e femininas,  os Estados Unidos, do famoso surfista “Kelly Slater”, maior campeão mundial, com 11 conquistas, o Brasil, atual campeão do circuito mundial, e países que são destinos conhecidos dentre os praticantes do esporte, como Portugal, com as ondas gigantes de Nazaré, Indonésia e a Nova Zelândia.

A WSL é o principal campeonato do mundo no surfe, dividido em diversas etapas, é realizado um “ranqueamento” de acordo com a classificação de cada surfista nas provas disputadas ao redor do globo. Antes do início das Olimpíadas, foram realizadas oito etapas, a última em Saquarema, no Rio de Janeiro (RJ). Outro campeonato notório é o ISA Games que, diferentemente da WSL, conta com pontuação por equipes. Ambos torneios garantem vagas para os Jogos Olímpicos

Gabriel Medina, ao centro, após vencer o Circuito Mundial da WSL em 2018. Foto: Sam Hopgood/Wikipedia

Para a competição olímpica, os atletas são divididos em grupos, intitulados “baterias”, e competem entre si para progredir de fase na disputa. As notas recebidas são elaboradas de acordo com as manobras realizadas pelos surfistas, assim como a velocidade atingida, a variedade das acrobacias, seu grau de dificuldade e a forma como os atletas combinam as manobras durante a onda.

Últimos campeões olímpicos

  • Ítalo Ferreira (Brasil) 
  • Carissa Moore (EUA)

Resultados das últimas temporadas

A última Liga Mundial de Surfe teve um desfecho feliz para os brasileiros. Com a final disputada em São Clemente, na Califórnia (EUA), a disputa masculina contou com o título para Filipe Toledo, atual bicampeão mundial e também residente do município californiano. No ranking final do último ano, ainda estiveram em destaque os brasileiros João Chianca, na quarta posição, assim como Gabriel Medina, em sexto.

Na disputa feminina, a estadunidense Caroline Marks foi campeã na disputa contra Carissa Moore, do Havaí, atual campeã olímpica. Entre as mulheres, a única atleta presente entre as 10 primeiras do ranking é Tatiana Weston-Webb, na 8ª colocação, 

Durante a temporada atual da WSL, o único brasileiro presente no top 5 é Ítalo Ferreira, que não estará presente nas Olimpíadas. Dentre os classificados, o melhor é Gabriel Medina, em oitavo. Vale destacar Filipe Toledo, na última colocação, pois abdicou de disputar a WSL deste ano para focar em seus treinamentos para os Jogos Olímpicos.

No ranking feminino, a brasileira melhor posicionada é Tatiana Weston-Webb, que ganhou uma posição na última etapa e atualmente ocupa a sétima colocação. A tabela é liderada pela estadunidense Caitlin Simmers, acompanhada da compatriota Caroline Marks e a costa-riquenha Brisa Hennessy.

O Brasil tem classificados? Como se classificaram?

Sim, a chamada “Brazilian Storm”, equipe de surfe brasileira, conta com seis classificados, três homens e três mulheres.

Os atletas Gabriel Medina, Luana Silva e Tainá Hinckel conseguiram suas vagas através do ISA Games, torneio mundial de equipes, enquanto Filipe Toledo, João Chianca (Chumbinho) e Tatiana Weston-Webb conseguiram a classificação através do ranking da WSL de 2023.

O atual campeão olímpico e melhor colocado no ranking da WSL de 2024 Ítalo Ferreira não alcançou a classificação para as Olimpíadas de 2024. Em decorrência de lesões que sofreu durante a última temporada, Ítalo esteve fora do top 10 da WSL no último ano e não conseguiu a vaga por esta competição, além da vaga extra concedida ao país campeão do ISA Games, que ficou com Gabriel Medina.

O Brasil tem candidatos à medalha?

Sim, Gabriel Medina, tricampeão mundial e quarto colocado na última edição das Olimpíadas em 2021, é reconhecido como um dos melhores surfistas em Teahupoo, praia na qual será realizada a disputa olímpica. Desde 2014, Medina alcançou as semifinais em todas as edições realizadas nas ondas de tubo francesas, além de ser campeão da etapa em 2014 e 2018. Nesta última etapa, realizada este ano, o surfista alcançou a quarta colocação.

Além de Medina, vale destacar também o atleta Filipe Toledo, ainda que não seja especialista no “surfe de tubos”, Filipinho é o atual campeão mundial da WSL e abdicou da disputa do Circuito Mundial deste ano para focar em seus treinos para as Olimpíadas.

No cenário feminino, Tatiana Weston-Webb é a maior esperança de medalha para o Brasil na categoria. Especialista do “surfe de tubo”, ficou em terceiro lugar na etapa de Teahupoo deste ano, com uma nota 10 nas semifinais. Nesta mesma etapa, em 2023, chegou às quartas de finais e às semis em 2022.

Tatiana Weston-Webb na disputa da Roxy Pro France 2019. Foto: Cristophe Delarsille/chde.eu

Destaques da modalidade

A competição para os brasileiros não será fácil. Especialista em tubos, o estadunidense John John Florence é também um dos favoritos para a medalha de ouro nesta disputa olímpica. Ainda que nunca tenha vencido em Tahiti, este ano eliminou Gabriel Medina nesta etapa e é um dos melhores do mundo neste tipo de onda, juntamente com o australiano Jack Robinson, que foi campeão da etapa de Teahupoo contra Medina em 2023, além de ter vencido também em Pipeline, no Havaí, praia que possui condições de onda semelhantes.

Entre as favoritas do surfe feminino, está uma atleta que não faz parte da elite da WSL. Representante do país-sede, Vahine Fierro foi convidada para as três últimas etapas de Teahupoo, com vitória em 2024 e semifinais em 2023 e 2022.

A atual campeã mundial Caroline Marks também pode dificultar para Tatiana durante a disputa. Campeã da etapa em 2023, alcançou as semifinais neste ano e desempenha bem neste tipo de onda.

Curiosidades do Surf

Ainda que as Olimpíadas sejam majoritariamente disputadas na capital francesa, as provas do surf ocorrema 15 mil quilômetros de Paris, em Taiti, uma ilha na Oceania, parte da Polinésia Francesa e um dos destinos mais famosos para os amantes do esporte. A organização toma esta atitude na tentativa de agregar todo o território francês nos Jogos Olímpicos.

Foi inclusive nesta etapa que o atleta Kelly Slater, maior campeão mundial, foi o primeiro surfista a conseguir dois 10 perfeitos, ou seja, recebeu nota máxima de todos os juízes presentes na competição.

Avatar de Desconhecido

Autor: coberturaparis2024

Turma de 31 estudantes de Comunicação da UFMG que integram a parceria entre a Revista Marta e a Rádio UFMG para a cobertura dos Jogos Olímpicos de 2024, em Paris.

Deixe um comentário