Seleção masculina de vôlei estreia com derrota; equipe feminina é uma das favoritas em Paris 2024

Por Luisa Furquim e Ailton Júnior

O vôlei promete ser um dos esportes mais emocionantes de Paris 2024. A modalidade seguirá o formato atual, com 12 seleções masculinas e 12 seleções femininas disputando os títulos olímpicos. O torneio começou neste sábado (27), com derrota da seleção brasileira masculina, e as disputas das medalhas de ouro serão nos últimos dois dias de competições, dia 10 e 11 de agosto. Na fase inicial, as equipes foram divididas em três grupos de quatro participantes cada. Os dois primeiros colocados de cada grupo, assim como os dois melhores terceiros dentre os três grupos, avançam para a fase final eliminatória, que se inicia com as quartas de final.

A seleção masculina brasileira está inserida no Grupo B, que conta com a presença das potências Itália e Polônia, assim como o Egito, que se classificou por vaga continental. Com um grupo de alto nível, o Brasil enfrentará desafios significativos para garantir sua classificação para as fases finais. Enquanto isso, a seleção feminina foi cabeça de chave no sorteio e está no grupo B com Polônia, Japão e Quênia.

Vôlei: a jornada olímpica

O vôlei, um dos esportes mais populares globalmente, tem uma história olímpica rica e fascinante. Embora o esporte tenha sido apresentado pela primeira vez nos Jogos Olímpicos em 1924, como parte de um evento especial para a exibição de esportes estadunidenses, foi apenas em 1964, nos Jogos de Tóquio, que o vôlei foi oficialmente integrado ao programa olímpico. Desde então, a modalidade tem se consolidado, com o formato atual de competição — uma fase de grupos seguida por uma fase final de mata-mata — sendo adotado em 1972 e o padrão de 12 seleções competindo começando em 1996. O Brasil, desde a primeira edição olímpica do vôlei, tem sido uma presença constante, destacando-se como uma das nações mais bem-sucedidas no esporte.

A tradição brasileira é notável: o país já conquistou 11 medalhas olímpicas no vôlei, sendo cinco de ouro (três no masculino e duas no feminino), quatro de prata (três no masculino e uma no feminino) e duas de bronze (ambas no feminino). Além do Brasil, os Estados Unidos, Japão e a antiga União Soviética são os únicos países a terem vencido o ouro tanto no masculino quanto no feminino. Outras nações como Itália, Cuba, China e Rússia também têm uma rica tradição no esporte.

Seleção feminina de vôlei brasileira conquista o ouro olímpico em Pequim 2008. Foto: Divulgação/Instagram Sheilla Castro

Últimos campeões olímpicos e desafios atuais

O torneio de vôlei masculino das Olimpíadas de Tóquio 2021 foi vencido pela França, enquanto o Brasil conquistou o ouro na Rio 2016. No vôlei feminino, as campeãs olímpicas foram a China em 2016 e os Estados Unidos em Tóquio 2021. 

O Pré-Olímpico feminino foi realizado entre 15 e 24 de setembro de 2023, onde o Brasil garantiu sua vaga após uma vitória apertada contra o Japão. A seleção brasileira encerrou a competição com seis vitórias e uma derrota para a Turquia, terminando entre os dois classificados de seu grupo. O Pré-Olímpico de Vôlei Masculino, por sua vez, foi realizado entre 29 de setembro e 8 de outubro de 2023, viu a classificação de seleções como Alemanha, Brasil, Estados Unidos, Japão, Polônia e Canadá. A França garantiu sua vaga como país-sede.

A Volleyball Nations League (VNL), realizada entre 21 de maio e 30 de junho de 2024, serviu como um termômetro crucial para o ranking mundial e as vagas olímpicas restantes. A seleção feminina terminou a fase classificatória da VNL em primeiro lugar e invicta, mas perdeu nas semifinais para o Japão, em um jogo muito acirrado, e na disputa pelo bronze para a Polônia, terminando em quarto lugar. Por outro lado, a competição masculina trouxe surpresas, como a Eslovênia terminando em primeiro lugar na fase classificatória, mas voltando para casa sem medalha após perder a disputa do bronze para a Polônia, atual número 1 do ranking mundial. O Brasil, embora tenha começado relativamente bem, viu sua campanha decepcionante culminar com uma eliminação nas quartas de final pela Polônia, e terminou a competição em sétimo lugar, o pior desempenho em 47 anos.

Brasil vence a Alemanha por 3×1 na VNL 2024. Foto: Divulgação/Instagram Gabi Guimarães

Classificação brasileira e perspectivas

Ambas as seleções brasileiras se classificaram para Paris 2024 através do Pré-Olímpico, terminando em segundo lugar em seus grupos. No entanto, o Brasil enfrenta desafios significativos. No cenário feminino, o Brasil é um dos favoritos para a medalha de ouro olímpica, junto com Itália, Japão, Estados Unidos e Polônia. A seleção feminina brasileira chegou em Tóquio 2021 em quinto lugar no ranking mundial, mas conquistou seu caminho até a final, onde perdeu para os Estados Unidos e ficou com a medalha de prata, fato que não tira o mérito da campanha impressionante. As expectativas para Paris estão altíssimas, com atletas como Thaisa Daher em busca do tricampeonato olímpico, Gabi Guimarães, uma das melhores ponteiras do mundo, e Carolana, a maior bloqueadora das últimas VNLs, chegando focadas e com muita vontade para conquistar o ouro.

Após o ouro em Rio 2016, o desempenho da seleção masculina nas Olimpíadas de Tóquio 2021 foi abaixo das expectativas, com um quarto lugar. A equipe passou por mudanças no último ano, incluindo a chegada do técnico Bernardinho, que retornou para tentar revitalizar a equipe. Apesar das promessas de inovação, o Brasil teve um desempenho insatisfatório na VNL 2024, terminando em sétimo lugar, o que gerou preocupações e críticas.

Em resposta aos resultados decepcionantes na VNL, a comissão técnica fez ajustes na convocação para as Olimpíadas de Paris. Dentre as mudanças, destacam-se a inclusão dos jovens ponteiros Lukas Bergmann e Adriano, ambos notáveis em suas posições, mas que foram pouco utilizados durante a VNL, o que gerou grande descontentamento entre os fãs. Essa decisão refletiu um desejo de renovar a equipe e corrigir erros estratégicos. A seleção brasileira possui atletas que estão entre os melhores do mundo em suas posições, como Bruninho, Lucarelli e Leal. Assim, resta aos espectadores torcer para que o baixo rendimento nas últimas competições tenha sido apenas um deslize temporário e que a equipe chegue a Paris com toda sua força e potência, pronta para lutar por uma medalha olímpica. A qualidade da seleção é indiscutível, e as expectativas são de que, com os ajustes e o retorno de Bernardinho, o Brasil possa recuperar sua grandeza e se destacar na competição.

Da esquerda à direita, em ordem: Flávio, Darlan, Adriano e Lukas Bergmann, novidades na convocação para Paris 2024. Foto: Divulgação/Instagram CBV

A Polônia, no masculino, se destaca como uma das favoritas para Paris 2024, após vencer a VNL 2023 e manter o topo do ranking mundial. A França, atual campeã olímpica e vencedora da VNL 2024, também promete ser uma forte concorrente. Outros países com tradição no vôlei, como Itália, Japão e Estados Unidos, são esperados para apresentar desempenhos sólidos, tanto no masculino quanto no feminino.

Curiosidades

Uma curiosidade especial para os Jogos Olímpicos de Paris 2024 é a presença das duplas de irmãos brasileiros Alan e Darlan no masculino, e Lukas e Júlia Bergmann, no masculino e feminino, respectivamente. Alan, com sua segunda participação olímpica, e Darlan, a jovem promessa de 22 anos, formarão um par de opostos impressionantes, enquanto Lukas e Júlia se destacam entre os jovens ponteiros. A performance dos irmãos será um dos pontos altos para a torcida brasileira, que espera que eles desempenhem um papel crucial no retorno do Brasil ao pódio olímpico.

Darlan (à direita) e Alan (à esquerda) com a mãe Dona Aparecida (no meio).  Foto: Reprodução/Instagram

Com a competição aquecendo, a expectativa é alta e o mundo do vôlei está ansioso para ver como as seleções se sairão em Paris 2024.

Importante destacar que na sexta-feira, dia 26 de julho, um dia antes da estreia da seleção masculina brasileira nas Olimpíadas de Paris 2024, foi divulgado que o oposto Alan Souza sofreu uma lesão na panturrilha esquerda e não participaria do primeiro jogo, contra a Itália. O suplente Henrique Honorato (ponteiro) será relacionado em seu lugar. Alan já iniciou o tratamento e a informação divulgada é de que ele será reavaliado dia após dia e, se em algum momento tiver condições de jogar, voltará a ser relacionado. A torcida brasileira fica em agonia e na torcida pela recuperação de um de nossos melhores atletas.

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Autor: coberturaparis2024

Turma de 31 estudantes de Comunicação da UFMG que integram a parceria entre a Revista Marta e a Rádio UFMG para a cobertura dos Jogos Olímpicos de 2024, em Paris.

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