Seguindo a tradição do esporte no estado, a modalidade com mais representantes mineiros em Paris é o vôlei, com seis atletas. Em segundo lugar vêm atletismo e futebol, com três representantes de Minas cada
Por Gabriela Sousa (sousagabizx)
Minas Gerais é um dos estados mais tradicionais do Brasil no âmbito esportivo. No quesito títulos, o estado é destaque principalmente no futebol e no vôlei, colecionando troféus e se posicionando como uma das principais potências nacionais.
No futebol, Minas acumula sete títulos de Campeonato Brasileiro, divididos entre Cruzeiro e Atlético, e fica atrás apenas de São Paulo, que tem 33, e do Rio de Janeiro, que soma 18 troféus. No vôlei, Sada Cruzeiro e Minas Tênis Clube dominam a Superliga Masculina, reunindo um total de 16 títulos, sendo nove do Sada e sete do Minas. Já na Superliga Feminina, o Minas é o segundo clube com mais troféus, contabilizando seis conquistas.
Para além das disputas diretas por títulos, os clubes mineiros costumam dificultar o caminho dos adversários e até esportes não tão tradicionais vêm ganhando destaque em escala nacional. Na última temporada do Novo Basquete Brasil, o Minas Storm foi até as semifinais do torneio e terminou na terceira colocação.
Diante disso, não é de se surpreender que os atletas mineiros também sejam destaque em escala internacional e sejam selecionados para representar o país. De acordo com levantamento realizado pela ESPN Brasil, Minas é o terceiro estado brasileiro com mais representantes em Paris 2024.
Quantos são os atletas mineiros nos Jogos Olímpicos de 2024?
A delegação brasileira nos Jogos Olímpicos de Paris é composta por 274 atletas, sendo 20 deles naturais do estado de Minas Gerais. Desse número, seis mineiros competem no vôlei de quadra, três no atletismo e três no futebol. Basquete e natação contam com dois competidores de Minas cada. Tanto o vôlei de praia quanto canoagem, handebol e ginástica de trampolim contam com um representante mineiro cada.
Vôlei de quadra conta com equilíbrio entre atletas experientes e estreantes nos Jogos
Ana Carolina, mais conhecida como Carolana ou apenas Carol, joga como central na Seleção Brasileira de Vôlei e é nascida em Belo Horizonte. Já ganhou medalha de prata com o Time Brasil nas Olimpíadas de Tóquio em 2021 e, no ano de 2024, Carol comemora os 10 anos de sua primeira convocação para a Seleção. Já foi medalha de prata na Liga das Nações três vezes: em 2019, 2021 e 2022.
Gabriela Guimarães, a Gabi, é de Belo Horizonte e também medalhista de prata nas Olimpíadas de Tóquio. É atleta do Imoco Conegliano, joga como ponteira e é considerada uma das melhores jogadoras no mundo. Gabi é a camisa 10 da Seleção e também capitã da equipe.
O contagense Ricardo Lucarelli faz parte da Seleção desde 2012, quando se tornou o atleta mais jovem a vestir a camisa verde e amarela do vôlei aos 19 anos. Sua primeira disputa de Jogos Olímpicos foi em 2016, ocasião na qual também conquistou o ouro olímpico. Em junho de 2024, Lucarelli foi anunciado como jogador do clube japonês Jtekt Stings.
Flávio Gualberto, ou somente Flávio, nasceu em Pimenta, no Centro-Oeste do estado. É sua primeira vez participando de uma Olimpíada, apesar de já ser um jogador experiente: em seu último time, o Perugia, Flávio venceu a Supercopa da Itália, a Copa Italiana, a Liga Italiana e o Mundial de Clubes.
Natural de Ituiutaba, o ponteiro Adriano também é estreante nos Jogos Olímpicos. Com apenas 22 anos, ele vem chamando atenção pela performance nos jogos da Seleção. Em seu primeiro jogo de Olimpíadas contra a Polônia, Adriano foi o maior pontuador da equipe com 18 pontos.
Lorenne Teixeira nasceu em Conselheiro Lafaiete e foi considerada uma das surpresas na lista de convocação das Olimpíadas. A atleta se recuperava de lesão há pouco tempo e não jogou a Liga das Nações, que serviu como teste para o torneio olímpico. Lorenne defendia o Osasco até a última temporada, mas atualmente faz parte do elenco do Sesi Bauru.
A Seleção de Vôlei Feminina já está classificada para as quartas de final dos Jogos de Paris, e venceu contra a Polônia em jogo realizado neste domingo, dia 04, se mantendo invicta na primeira colocação do grupo. A Seleção Masculina também se classificou para as quartas, mas ficou em terceiro lugar na fase de grupos, com apenas uma vitória.
Atletas com passagem por instituições públicas de ensino se destacam no Atletismo
Ana Caroline da Silva, natural de Contagem, é atleta do arremesso de peso e do Centro de Treinamento Esportivo da UFMG. Ana tem a terceira melhor marca de uma atleta brasileira nessa prova: 18,46m, estabelecidos em um campeonato de atletismo universitário, disputado quando a atleta estudava na Universidade da Geórgia em 2022. A estreia de Ana nos Jogos de Paris será no dia 8 de agosto, no evento de classificação do arremesso de peso feminino.
Luiz Maurício da Silva é de Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira, e já competiu nos Jogos Escolares de Minas Gerais em 2015, representando uma escola estadual da sua cidade natal. Na ocasião, ele ficou em 1º lugar no lançamento de disco. A estreia de Luiz em Paris 2024 será no dia 6 de agosto, em evento de classificação do lançamento de dardo masculino.
Mineiro de Contagem, Rafael Pereira é também recordista sul-americano dos 100 metros com barreiras e bicampeão na modalidade. A estreia dele será no domingo, 04 de agosto, na etapa eliminatória da prova.
Jogadoras do Corinthians são responsáveis por representar Minas em Paris
A meio-campista Duda Sampaio é de Jequeri, na Zona da Mata, joga no Corinthians e foi para Paris na companhia de duas companheiras de time que também são naturais de Minas: a lateral Tamires, natural de Caeté, e a também lateral Yasmin, de Governador Valadares. As atletas estão em Paris em busca de uma primeira medalha olímpica de ouro para a Seleção e levaram na bagagem uma experiência que se reflete em títulos alcançados pelo Timão. Juntas, Duda, Tamires e Yasmin já conquistaram um Brasileirão, um Campeonato Paulista e uma Libertadores.
As atletas estarão na disputa das semifinais com a Seleção Feminina, que enfrentará a Espanha na próxima terça, 06.
Basquete: atletas mineiros em Paris contam com experiência na NBA em busca do ouro olímpico
Cristiano Felício é natural de Pouso Alegre, no sul do estado. Em sua carreira como pivô, já passou pelo Jacareí, de São Paulo, pelo Minas Tênis Clube e pelo Flamengo. Internacionalmente, foi jogador do Chicago Bulls, time da NBA e do Rathiopharm Ulm, da Alemanha. Atualmente joga no Coriván Granada, da Espanha.
Raul Neto, mais conhecido como Raulzinho, é de Belo Horizonte e também já foi jogador do Minas. Com vasta experiência na NBA, já passou pelo Utah Jazz, Philadelphia 76ers, Washington Wizards e Cleveland Cavaliers.
O time brasileiro de basquete está classificado para as quartas de final e enfrentará a seleção dos Estados Unidos – ou “Dream Team” – que conta com Lebron James, Stephen Curry, Jayson Tatum, dentre outras estrelas americanas, no dia 6 de agosto.
Mesmo sem praia, atleta mineira brilha com os pés na areia
Ana Patrícia é de Espinosa, no norte de Minas. Em Paris 2024, ela faz dupla no vôlei de praia com Duda Sampaio, com quem se manteve invicta na fase de grupos do torneio. Classificadas para as oitavas de final, a dupla brasileira se prepara para disputa com japonesas na segunda-feira, 05.
Na canoagem, Minas é sinal de persistência
A atleta da canoagem Ana Sátila é natural de Iturama, região do Triângulo Mineiro. Ana disputou na modalidade canoa individual, mas não conseguiu o pódio e terminou em quinto lugar. Já no caiaque cross, conseguiu passar para a fase eliminatória das oitavas de final ao passar pela prova de repescagem. Nas redes sociais, Ana Sátila virou um dos assuntos mais comentados dos Jogos em função de sua assídua participação nas provas.
Neste domingo, 04, Ana se classificou para as quartas de final do caiaque cross. A disputa será na manhã desta segunda, dia 5, e caso se classifique para as próximas fases, a atleta mineira poderá disputar a semifinal e a final em um intervalo de poucas horas.
Dos campos de café aos Jogos de Paris
Bruna de Paula nasceu na cidade de Campestre, parte da microrregião de Poços de Caldas. Durante a infância, Bruna acompanhava a mãe no trabalho em fazendas de café da região. Nas mesmas mãos que ajudavam na colheita, ela encontrou o talento e a força para ser atleta de handebol.
Em 2022, Bruna foi escolhida pelo Comitê Olímpico como atleta do ano, e atualmente é um dos grandes destaques do Gyori Audi ETO KC, da Hungria. Com a Seleção, está classificada para as quartas de final do handebol nos Jogos de Paris. A próxima disputa será contra a Noruega, na terça-feira dia 06.
Passagens rápidas, mas que deixaram Minas com marcas histórias
Na natação, dois belo-horizontinos representam Minas em Paris: Eduardo Moraes e Maria Paula Heitmann. Ambos os atletas participaram das provas de revezamento 4×200 em suas respectivas categorias.
Eduardo participou da classificação do revezamento, mas a equipe brasileira masculina não conseguiu ir para a final. Já no feminino, Heitmann ficou com a sétima colocação na prova final, em companhia de Mafê Costa, que bateu recorde sul-americano durante a disputa, Stephanie Balduccini e Gabrielle Roncatto.
Atleta da Ginástica de Trampolim, Rayan Dutra é mineiro de Belo Horizonte e atleta do Minas Tênis Clube. Foi medalhista de prata nos Jogos Pan-Americanos em 2023, mas em Paris conseguiu apenas a 12º colocação nas eliminatórias e acabou fora da disputa por medalhas. A marca, porém, foi a melhor do Brasil da modalidade na história da disputa dos Jogos.
Revista Marta 