por Duda Castro, estudante de Jornalismo da UFMG

O Rio de Janeiro continua lindo, e essa beleza foi realçada pela ótima estreia da nossa seleção feminina de vôlei na Liga das Nações! A VNL, como é popularmente conhecida, reúne a elite do vôlei mundial e marca o primeiro compromisso internacional das seleções no ano, um verdadeiro termômetro para os planos quadrienais rumo aos Jogos da Califórnia.
Este ano, a competição conta com 18 equipes, duas a mais que nas edições anteriores. Ela é dividida em quatro fases: três classificatórias e uma fase final, na Polônia. As oito melhores avançam à decisão, enquanto a pior equipe é rebaixada, dando lugar ao time de melhor ranking fora da liga.
Cada fase ocorre simultaneamente em três sedes. A primeira aconteceu em Ottawa (Canadá), Pequim (China) e, claro, no Rio de Janeiro. E é sobre essa etapa que vamos conversar hoje.
A estreia da nossa seleção foi na quarta-feira (04 de junho), contra a Tchéquia, às 17h30. No meio da semana, o Maracanãzinho estava lotado e há quem diga que o Brasil não respira vôlei… Quase dez meses após a disputa do bronze em Paris, a torcida empurrou o time para uma vitória segura. Mesmo enfrentando uma seleção estreante, o começo teve suas dificuldades. Claro que isso gerou um certo receio porque a seleção atual é bem diferente daquela das Olímpiadas.
O técnico Zé Roberto Guimarães convocou muitas jogadoras pela primeira vez e isso sempre gera uma incerteza do que vamos ver em quadra. Mas logo o Brasil se impôs e venceu por 3 sets a 0, com destaque para a ponteira Ana Cristina. Com apenas 21 anos, ela já joga como veterana e inspira quem está chegando.
Essa primeira vitória trouxe a confiança que precisávamos para o grande desafio que viria no dia seguinte: os Estados Unidos. Elas que nos venceram em duas finais de VNL (2019 e 2021), que levaram o ouro em Tóquio e ganharam a semifinal em Paris. Nos últimos dez confrontos, elas venceram oito. Mas no Rio, o jogo muda. Foi lá mesmo que elas perderam em 2024 e neste ano, repetimos a dose.
O jogo de quinta foi a revanche que precisávamos. Tanto por causa do confronto em si, que mexe com o sangue de toda fã de vôlei, quanto para a própria competição. Ambas as equipes entraram em processo de renovação e ainda bem que para nós significou mais uma vitória por 3 a 0, com outra atuação impecável de Ana Cristina, que marcou 20 pontos durante o jogo.
Já na sexta-feira, um merecido descanso para recarregar as energias antes do próximo teste. No sábado, contra a Alemanha, vimos o primeiro grande desafio desta fase. Esse jogo foi um verdadeiro teste para ver se a renovação estava dando certo ou não. O Brasil começou bem, levou o primeiro set, mas encontrou dificuldades nas parciais seguintes. A Alemanha, com a boa atuação da dupla Tabacuks e Cekulaev, forçou o tie-break.
Nesse momento, dois pontos ficaram claros. Primeiro: em alguns lances, sentimos a falta de figuras como Gabi Guimarães, uma das mais experientes da seleção e uma das melhores jogadoras do mundo, que ainda está de férias; e Rosamaria, que já está com o grupo, mas vem sendo poupada para se recuperar fisicamente. Não que as demais atletas não tenham qualidade, elas têm e foi isso que nos salvou em quadra. Mas a experiência dessas jogadoras faz diferença no psicológico: elas ajudam a manter o foco e a lutar até o último ponto. Além disso, conhecem muito bem o estilo de jogo europeu, já que atuaram em ligas por lá.
O segundo ponto é que a renovação veio com tudo! E foi aí que a estrela da jovem oposta Jheovana, de 24 anos, brilhou mais forte. Se você ainda não conhece a história dela, vale a pena clicar aqui para entender como o esporte vai muito além dos resultados. No jogo anterior, ela entrou para sacar e colocou muita força. A bola foi longe e, obviamente, a cena viralizou. Mas ela mostrou a que veio e não deixou se abalar por essa situação. Entrou em quadra com a cabeça erguida e focada em mostrar o melhor vôlei que poderia.
A partir disso, no quarto set, o Brasil reencontrou o equilíbrio, e no tie-break mostrou que a renovação é o caminho certo. Foi uma vitória gigante e importante para manter o fôlego durante a competição.
No domingo, veio o clássico mais esperado: Brasil e Itália, dois dos maiores nomes do vôlei mundial. A Itália, atual campeã olímpica e da VNL, trouxe um time veterano e experiente. Nos últimos dez anos, foram 15 confrontos, com vantagem brasileira em 11, incluindo quatro vitórias seguidas, sendo três no tie-break. Desta vez, entretanto, o bloqueio e a consistência italiana fizeram a diferença.
O jogo começou equilibrado, mas a Itália aproveitou melhor os contra-ataques e cresceu. O terceiro set foi o mais vibrante, com Ana Cristina, Helena e Julia Bergmann mantendo o Brasil no jogo. Do outro lado, Egonu e Antropova seguiram imparáveis. Aqui foi brigada de veteranas e novatas. Apesar da derrota, o saldo brasileiro é positivo. A garra e a evolução das jovens jogadoras mostraram que o caminho está sendo bem trilhado. Novamente, a ausência de jogadoras mais experientes pesaram um pouco, mas a vontade com que as novatas jogaram surpreendeu.
Surpreendeu e emocionou. Em entrevista ao GE, o técnico Zé Roberto Guimarães falou sobre a participação da Jheovana:
Realmente me emocionei no tie-break em alguns momentos, pela vibração, pela vontade de querer ganhar. A cada bola que ela virava, a fisionomia dela era muito legal de ver. É bonito ver essa entrega no processo depois uma lesão no ligamento cruzado do joelho, ainda na base
Ser fã de vôlei é saber que não é só sobre a modalidade em si. O esporte é maravilhoso, te faz vibrar, sofrer, gritar, torcer como nada mais faz. Mas o que mais vale a pena é quando encontramos o olhar de quem vai dar o melhor por essa camisa. Ver a Ana Cristina com 21 anos jogando como “gente grande” e já marcando o nome na história da nossa seleção. Ver estrelas como a Gabi e a Rosamaria, mesmo que ainda não nessa fase, que começaram novinhas e hoje estão na elite mundial. Ver um grupo de jogadoras mais novas e mais experientes, trocando figurinhas para dar o melhor para a seleção. Ver a euforia durante o jogo e os sorrisos depois. É por elas que somos fãs.
Destaques da primeira fase
Como já falamos, um dos principais destaques foi Ana Cristina, que marcou 73 pontos nesta primeira semana e ocupa a sexta posição entre as maiores pontuadoras. No Top 40, temos também a ponteira Julia Bergmann, que aparece em 24º lugar, com 44 pontos; Lorena, na 35ª posição, com 32 pontos; Tainara, na 38ª, com 29 pontos; e Julia Kudiess, na 37ª posição, com 30 pontos. Além disso, Julia Kudiess brilhou no bloqueio, marcando 16 pontos e ocupando, simplesmente, a segunda posição na tabela de bloqueios.
Esses números são gigantes e representam muito para o país. Eles mostram como a renovação da seleção é promissora e como o investimento em novos atletas e em programas de base faz toda a diferença. Ver jovens talentos como Ana, Julia, Lorena, Jheovana e tantas outras segurando a pressão de uma competição desse nível, e ainda se destacando, reforça que o futuro do nosso vôlei está bem encaminhado. São esses momentos que alimentam nossa esperança e que nos lembram que, para manter o Brasil no topo, é essencial acreditar, apoiar e investir na nova geração.
E não podia faltar uma menção honrosa a Isabelly Morais! A narradora do Grupo Globo, formada pela UFMG, narrou a VNL pela primeira vez e ao vivo, do ginásio. Apaixonada por vôlei, Isabelly transmite toda essa energia em suas narrações, deixando cada lance ainda mais emocionante. É lindo ver mulheres no jornalismo esportivo não só presentes, mas como protagonistas. Ela teve tanto destaque que narrou o jogo mais aguardado da fase, direto no Sportv2. Ver mulheres ocupando esses espaços é algo que nos enche de esperança e orgulho.
Agora, a seleção volta à quadra no dia 18 de junho, contra a Bélgica, às 10h (horário de Brasília), buscando manter o ritmo e o bom momento. E se você quiser saber como foram os placares de todos os jogos dessa fase, além de ver todas as estatísticas, é só acessar o site do Volleyball World e acompanhar tudo por lá.
Expediente
Redação: Duda Castro
Edição: Olívia Pilar
Coordenação: Ana Carolina Vimieiro