por Enzo Beber e Yasmin Veloso, estudantes de Jornalismo da UFMG
A final do Brasileirão Feminino, que coroou a equipe do Corinthians heptacampeã sobre o Cruzeiro, rendeu não apenas uma disputa acirrada dentro das 4 linhas: fora de campo, a rivalidade englobou jogadoras, torcida e, até mesmo, as diretorias dos clubes. As provocações envolveram desde uma marcante comemoração celeste até problemas quanto a pagamentos de premiações atrasadas.
Durante a comemoração do título, jogadoras da equipe paulista mostraram notas de três reais produzidas pela torcida, que estampavam o rosto de Isabela, defensora do Cruzeiro. O contexto da provocação vem das cobranças recentes da ex-jogadora do Timão, que aguarda pagamento das premiações que o antigo clube ainda não acertou.
A passagem da Isabela pelo Corinthians foi marcante, com sete títulos conquistados, que somam uma premiação atrasada de cerca de R$ 175 mil. Enquanto a torcida alvinegra ficou ofendida pela cobrança pública da ex-jogadora, entendida como desrespeito à camisa, internautas reclamaram da atitude das campeãs, que ultrapassaram os limites da rivalidade para perpetuar uma narrativa desrespeitosa com uma colega de profissão que buscava justiça.
Faz o ‘L’, Lelê
Marca registrada da atleta, o “faz o L que a Lelê é cabulosa” gerou certo descontentamento por parte das jogadoras Alvinegras. Na entrevista pós-jogo, Tamires, lateral-esquerda do Timão, não gostou da comemoração da camisa 9 do Cruzeiro ao longo do campeonato.
“As meninas têm que entender jogo se ganha dentro de campo, jogo se ganha em cada ponto. Comemoraram antes dizendo somos o líder e, agora, a gente mostra que é o líder aqui”, disse a atleta durante a transmissão da Globo.
A “provocação”, entretanto, foi um mal entendido. O “L” feito com as mãos pelas jogadoras celestes representa, na verdade, uma comemoração costumaz da atacante Letícia Ferreira, do Cruzeiro, que representa o “L” de Lelê. Entretanto, a jogadora da Seleção Brasileira entendeu que se tratava de uma afronta, na qual o gesto seria uma alusão à liderança mineira na primeira fase do campeonato.
Indiretas borbulham nas redes
A dirigente de futebol das Cabulosas, Bárbara Fonseca, fez postagens no X, antigo Twitter, em referência aos recentes acontecimentos. Após a repercussão da entrevista da lateral esquerda, Bárbara declarou:
Sobre as questões relacionadas aos pagamentos do Corinthians e provocações realizadas, ela também se pronunciou. Na postagem, ela ressalta o comprometimento do clube mineiro com a remuneração das atletas e pagamento das premiações referente aos últimos jogos.
As publicações repercutiram entre as torcidas, levando a uma série de discussões online e questionamentos a respeito dos limites entre rivalidade e respeito. Especialmente pensando em todos os ganhos dessa disputa para ambos os lados, em termos de conquistas, recordes, visibilidade e oportunidade para o futebol de mulheres no país.
Expediente
Redação: Enzo Beber e Yasmin Veloso
Edição: Olívia Pilar
Coordenação: Ana Carolina Vimieiro
Revista Marta 