Luísa Stefani será a segunda mulher brasileira na história a jogar o WTA Finals

Depois de uma temporada sólida com a parceira húngara Timea Babos, a tenista brasileira Luísa Stefani assegurou no último sábado (18) a classificação para o WTA Finals, competição que acontece de 1º a 8 de novembro em Riade, na Arábia Saudita. O torneio, que fecha a temporada do circuito mundial do tênis feminino, reúne as oito melhores atletas do simples e as oito melhores duplas do ano.

Luísa Stefani e Timea Babos garantiram a classificação ao vencerem a semifinal do Ningbo Open contra a norueguesa Ulrikke Eikeri e a chinesa Tang Qianhui por 2 sets a 0 (7/5, 6/4). Infelizmente, Stefani e Babos acabaram derrotadas na final neste domingo (19). Mas a classificação para o WTA Finals já estava assegurada.

O feito de Luísa coroa uma carreira brilhante, de uma das melhores duplistas da atualidade. Luísa, que no ranking na próxima semana será a 17ª do mundo, já foi a 9ª (2021) e para quem acompanha de perto o circuito sabe que a atleta tem jogo para voltar ao top 10.

Com um estilo de jogo agressivo na rede, Luísa é certamente uma das melhores voleadoras do mundo e, este ano, seu jogo encaixou com a talentosa Timea Babos, que já foi número 1 de duplas e é tricampeã do WTA Finals (2017, 2018 e 2019). Babos é também uma jogadora agressiva, com ótimo saque, e que funciona muito bem quando está no fundo de quadra (enquanto Luísa fica na rede) já que seus golpes são potentes e muito sólidos.

A classificação também faz justiça com o passado de Luísa, que havia se classificado para o WTA Finals em 2021 depois de uma ótima temporada ao lado da então parceira a canadense Gabriela Dabrowski, mas não pode jogar o torneio em função do rompimento de ligamento do joelho que a afastou do circuito por um ano.

Luísa e Gaby Dabrowski chegaram às semifinais do US Open de 2021, mas a fatídica lesão tirou Luísa do jogo de cadeira de rodas e a levou para a mesa de cirurgia, impedindo que ela estivesse no prestigioso evento que fecha o calendário com as melhores duplas do ano. No ano passado, Luísa foi “alternate” (espécie de reserva) no WTA Finals juntamente com a holandesa Demi Schuurs, sua parceria fixa de 2024, mas não chegou a jogar.

Semifinais das duplas femininas do US Open 2021, quando Luísa Stefani rompeu o ligamento cruzado anterior (LCA) do joelho direito, que a afastou do circuito por cerca de um ano.

Luísa tem conquistas históricas em sua carreira: primeira medalhista olímpica do tênis brasileiro (bronze em Tóquio 2020 junto com Laura Pigossi), primeira mulher brasileira a entrar no top 10 do ranking de duplas na Era Aberta do tênis e primeira mulher a vencer um grand slam ao lado de parceiro também brasileiro (Aberto da Austrália de 2023, ao lado de Rafael Matos). Agora, se torna a segunda mulher brasileira a disputar o WTA Finals.

Disputa de terceiro lugar nas duplas femininas em Tóquio 2020 vencida por Luísa Stefani e Laura Pigossi.

WTA Finals e ATP Finals

WTA Finals e ATP Finals são os torneios que reúnem as melhores jogadoras e os melhores jogadores do circuito mundial do tênis ao final da temporada, respectivamente. Ao longo dos anos as duas competições já tiveram diferentes formatos e nomes.

No circuito feminino, já foi chamada de Virginia Slims Championships, WTA Tour Championships e WTA Finals, nome que foi adotado a partir de 2014. Começou a ser disputado em 1972 entre as simplistas e em 1973 entre as duplistas.

Nomes importantes do tênis brasileiro nunca conseguiram se classificar para o torneio, como é o caso de Maria Esther Bueno, que quando do início do evento já estava no fim da carreira, e Patrícia Medrado, que foi 9ª do mundo de duplas em 1982, mas não jogou o 1982 Avon Championships (considerado pela WTA o referente ao WTA Finals naquele ano) ou o 1983 Virginia Slims Championships (o referente de 1983). 

A única brasileira que já jogou o WTA Finals foi Beatriz Haddad Maia que se classificou em 2022 para jogar ao lado da parceira da época, a cazaque Anna Danilina. Bia e Danilina foram a 7ª melhor dupla do ano de 2022, com resultados memoráveis, incluindo o vice no Aberto da Austrália em janeiro e o também vice do WTA 1000 de Guadalara, em outubro.

Bia e Danilina tiveram apenas uma vitória no WTA Finals e foram eliminadas na primeira fase. A brasileira terminou 2022 como 12ª do mundo de duplas. A reportagem fez um levantamento de todas as jogadoras simplistas e duplistas que já jogaram o WTA Finals que está disponível neste link.

Única vitória de Bia Haddad Maia e Anna Danilina no WTA 2022 na primeira fase sobre Dabrowski e Olmos.

Entre os homens, Gustavo Kuerten jogou o ATP Finals em três oportunidades (1999, 2000 e 2001), vencendo a edição de 2000 que àquela época era chamada de Tennis Masters Cup. A campanha de Guga no torneio que ocorreu em Lisboa é uma das mais memoráveis do atleta, com vitórias sobre Andre Agassi, Pete Sampras, Yevgeny Kafelnikov e Magnus Norman.

Entre os homens duplistas, Marcelo Melo jogou as edições de 2020, 2019, 2018, 2017, 2016, 2015, 2014 e 2013, tendo sido vice-campeão em duas ocasiões: 2014, ao lado do croata Ivan Dodig, e 2017, com o polonês Lukasz Kubot.

Bruno Soares participou das edições de 2021, 2020, 2018, 2017, 2016, 2014 e 2013. Chegou às semifinais em 2013 (jogando com o austríaco Alexander Peya, quando foram derrotados pelos irmãos Bryan e Bryan), em 2016 (jogando com o britânico Jamie Murray, quando perderam para Klassen e Ram), 2017 (novamente com Murray e derrotados por Kontinen e Peers) e 2018 (novamente com Murray e eliminados por Bryan e Sock). 

Semifinal do ATP Finals 2017 que teve vitória de Marcelo Melo e Lukasz Kubot.

Cássio Motta e Carlos Kirmayr foram os primeiros jogadores brasileiros a participarem do ATP Finals que, à época, 1983, era chamado de Masters Grand Prix. Eles jogaram a chave de duplas.

O histórico de todos os jogadores simplistas e duplistas que já jogaram o ATP Finals está disponível neste link

Temporada 2025 de Luísa Stefani

A temporada de Luísa começou no Aberto da Austrália em janeiro onde ela jogou com a estadunidense Peyton Sterns. Vinda de uma pequena cirurgia no fim da temporada 2024 e do término da parceria com a holandesa Demi Schuurs, Luísa perdeu na segunda rodada. 

Em fevereiro, ela estreia a parceria com Timea Babos no Aberto de Linz (WTA 500), na Áustria. A dupla vence o primeiro torneio que disputa. Ainda em fevereiro, Luisa jogou com a britânica Heather Watson no WTA 500 de Abu Dhabi, perdendo também na segunda rodada. No WTA 1000 do Catar, Stefani joga novamente ao lado de Sterns e perde na segunda rodada para Timea Babos que ainda jogava com a estadunidense Nicole Melichar-Martinez como parceira fixa à época. 

Primeiro título da parceria Stefani/Babos em Linz, na Áustria, em 2025.

No WTA 1000 de Dubai, Luísa joga com a estadunidense Bethanie Mattek-Sands perdendo nas quartas de final. Luísa chega a jogar com outras parceiras em março e abril, mas a partir do Aberto de Miami a parceria com Timea se torna mais fixa.

Elas fazem semifinais no WTA 500 de Stuttgart (abril), vencem o WTA 500 de Estrasburgo (maio), chegam às oitavas em Roland Garros (maio), fazem semifinais no WTA 500 de Bad Homburg (junho), fazem quartas em Wimbledon (julho) e quartas novamente no US Open (setembro).

Recentemente, elas venceram o SP Open (WTA 250, setembro), fizeram quartas no WTA 1000 de Pequim (outubro) e foram finalistas no WTA 500 de Ningbo que acabou neste domingo (19). 

O WTA Finals começa no dia 1º de novembro com transmissão do Disney+ e da ESPN 3.

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Autor: Ana Carolina Vimieiro

Professora da UFMG e coordenadora do Coletivo Marta (https://coletivomarta.org/). Jornalista, atleticana e "tenista" nas horas vagas.

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