
Por Soraia Carvalho, estudante de Jornalismo da UFMG aia Carvalho
O Olimpíada Todo dia divulgou, no último dia 29, uma reportagem exclusiva expondo os bastidores do Tênis de Mesa paralímpico do Brasil.
Em entrevista exclusiva ao portal, nove atletas paralímpicos brasileiro, entre eles sete medalhistas em Jogos Paralímpicos, denunciam perseguição, negligência e falta de transparência por parte da Confederação Brasileira de Tênis de Mesa (CBTM). O grupo afirma sofrer retaliações desde a publicação de uma Carta Aberta ao Ministério do Esporte e ao Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), em julho, que pedia mais clareza na gestão da entidade e denunciava interferências no programa Bolsa Pódio.
Os atletas que assinam a carta são Bruna Alexandre, Cláudio Massad, Cátia Oliveira, Danielle Rauen, Jennyfer Parinos, Joyce Oliveira, Luiz Filipe Manara, Marliane Santos e Paulo Salmin, nomes que juntos somam 16 medalhas paralímpicas e oito pódios em Mundiais. Eles afirmam que, após o envio da carta, a CBTM interrompeu o apoio financeiro e logístico, dificultando a participação em competições internacionais e a preparação para torneios de alto rendimento.
“Fomos medalhistas na maior competição do mundo e temos ainda que ficar ‘mendigando’ recursos? É por isso que estamos lutando”, completou Cláudio Massad.
Entre as principais queixas, os mesatenistas relatam falta de critérios claros nas convocações para a seleção, ausência de suporte médico e estrutural em eventos no exterior e até negligência com a saúde de atletas cadeirantes. Segundo Joyce Oliveira, durante torneios nos Estados Unidos, o grupo viajou sem staff de apoio e enfrentou situações precárias de acessibilidade.
Além disso, os atletas também contaram que a entidade passou a exigir que eles usassem o valor da Bolsa Atleta e da Bolsa Pódio para custear viagens e torneios internacionais, algo que fere a legislação do programa, já que o benefício é pessoal e destinado à manutenção do atleta, e não ao financiamento das ações da confederação.
O grupo acusa ainda a CBTM de falta de transparência na gestão de recursos públicos e de resistência em prestar informações financeiras, mesmo após pedidos formais. Os atletas também criticam o Comitê Paralímpico Brasileiro, que, segundo eles, tem se omitido diante da crise. “Quando são Jogos Parapan-americanos e Jogos Paralímpicos, o Comitê está junto conosco porque precisa das nossas medalhas para o quadro geral. Mas, agora que precisamos de ajuda, eles não nos ajudam”, lamentou Bruna Alexandre.
Em nota enviada ao Olimpíada Todo Dia, a Confederação Brasileira de Tênis de Mesa afirmou que todas as convocações seguem critérios técnicos definidos pelas comissões e que os projetos e convênios são publicados em canais oficiais. A entidade negou perseguição e disse que “dirigentes e colaboradores viajam por motivos institucionais legítimos”.
Já o Comitê Paralímpico Brasileiro reiterou que as confederações são responsáveis pela gestão técnica, médica e administrativa de suas modalidades e que o CPB “não tem poder legal para interferir em decisões internas”. A entidade afirmou manter diálogo permanente com atletas e confederações, “dentro dos limites previstos pela lei”, e ressaltou que os recursos repassados são vinculados a planos de trabalho específicos.
Expediente
Redação: Soraia Carvalho
Edição: André Quintão
Coordenação: Ana Carolina Vimieiro