Passaporte da vacina é medida usada para conter Covid e causa polêmica ao redor do mundo
Por Anna Carolina Cruz

A pandemia da Covid-19 tem gerado diversas consequências desde seu início, e no esporte não foi diferente. De jogos e torneios cancelados, a restrições de público, exigência de comprovantes de vacina e testes de antígenos, o cenário esportivo mudou muito nos últimos anos.
Uma das transformações que o Coronavírus trouxe foi a exigência do passaporte vacinal para o público. Para manter o número máximo de torcedores nas arquibancadas, algumas das principais competições esportivas exigem o comprovante de vacina ou um teste negativo para Covid-19. Os documentos são mostrados por todos na entrada dos estádios, o que sugere uma maior fiscalização sobre o cumprimento da regra. Já o uso de máscaras nos estádios, apesar de também ser item de uso obrigatório, é uma medida pouco aderida pelos torcedores que frequentam as arenas e estádios.

Para os atletas, funcionários e diretoria dos clubes, as cobranças variam de acordo com país e torneio: o tenista Novak Djokovic encontrou problemas ao entrar na Austrália em janeiro de 2022 para o Aberto da Austrália, já que não havia tomado a vacina. Com a repercussão, o tenista disse estar preparado para não participar de outros torneios que possuem a mesma exigência, como Wimbledon, em Londres, e Roland Garros, na França. Os dois torneios acontecem no meio do ano.

Segundo levantamento feito pela BBC, o número de tenistas vacinados que participariam da competição estava em 65%. Com o surgimento da obrigatoriedade, o número subiu para 95%.
Mas mesmo sem vacinar, Dkokovic vai poder competir no Aberto da Itália deste ano, segundo a ministra italiana do esporte, Valentina Vezzali. A autoridade argumentou que nos eventos ao ar livre no país, como o torneio de tênis, a vacinação completa dos participantes não é cobrada.
No continente americano, a vacinação de atletas também ganhou os holofotes da mídia quando o astro do basquete Kyrie Irving disse que não se vacinaria contra a Covid-19. O armador da NBA está impedido de atuar nos jogos em casa do Brooklyn Nets, já que o estado de Nova York proíbe a presença de pessoas não-vacinadas nas arenas esportivas. Mesmo assim, o jogador manteve a decisão de não se imunizar, Irving diz que não será influenciado pela liga a fazer escolhas que não envolvem sua vida profissional. O atleta chegou a ficar afastado do Nets por dois meses, mas voltou a integrar o quadro de jogadores em 2022.

Enquanto isso, no Brasil, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e a startup francesa Mooh!Tech desenvolveram o aplicativo de celular Chronus i-Passport, para acompanhamento de vacinação, testagem e mapeamento da pandemia no futebol. O aplicativo facilita que apenas pessoas vacinadas circulem sem restrições em eventos da CBF, já que o passaporte vacinal vai ser exigido para o staff, a comissão técnica e jogadores inscritos nas competições nacionais, como o Campeonato Brasileiro e a Copa do Brasil.
“A CBF reitera a adoção das medidas preconizadas pelas autoridades de saúde e contribui diretamente para que as atividades ocorram de modo responsável, seguro e ao seu tempo em cada localidade, sabedora do padrão de transmissão não homogêneo em todo o território nacional”
disse a entidade na página que apresenta o Guia Médico de Medidas Protetivas para o Futebol Brasileiro EM 2022.
A CBF também fez uma recomendação às federações estaduais sobre a determinação de passaporte vacinal para os torneios que inauguram a temporada futebolística no país: os campeonatos estaduais. Nesse caso, as exigências variam de acordo com cada federação e estado brasileiro.
A Federação Paulista de Futebol (FPF) está exigindo o comprovante de vacinação contra a Covid-19 de atletas e membros da comissão técnica nos jogos. Além disso, também é preciso fazer testes de antígeno com 24 horas de antecedência de cada partida, não só para jogadores e comissão, mas também para delegados e árbitros.
Já a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (FERJ) não exige o passaporte de vacinação, mas o teste de Covid ainda é obrigatório. Caso o atleta não tenha se vacinado, a entidade exige apenas que os membros das delegações apresentem uma Autodeclaração de Bem-Estar, em que respondem perguntas relacionadas à Covid-19 e se houve contato recente com pessoas positivadas. Junto com o documento, deve ser apresentado o certificado de vacinação ou o teste negativo.
Em Minas, a Federação Mineira de Futebol (FMF) exigiu o comprovante de vacinação das delegações com as duas doses da vacina. Caso o o comprovante não seja apresentado, é preciso fazer o exame PCR ou teste rápido para detecção de antígeno a cada rodada.
Já na Federação de Futebol do Estado do Espírito Santo (FES) todos os atletas apresentam de forma obrigatória o comprovante de vacina, ou seja, não há atletas que não se vacinaram vinculados às competições do estado. Segundo a federação capixaba, a decisão acata a orientação da CBF e da portaria estadual de saúde do Espírito Santo.
Passaporte vacinal em outros esportes

No volêi, a Confederação Brasileira de Voleibol (CBV) estabeleceu um protocolo parecido com o da FERJ para a Superliga 2021/2022: a vacinação não é obrigatória, mas todos os atletas e membros de comissão técnica que não mostram o comprovante completo, devem realizar o teste de Covid-19. No início da competição masculina, em outubro de 2021, apenas 62,7% dos atletas estavam com o ciclo vacinal completo.
Outra competição que cogita a determinação de vacinação obrigatória é a Fórmula 1. O avanço da pandemia com a nova variante Ômicron colocou os responsáveis pela competição em alerta, e a proposta já foi autorizada pelo Conselho Mundial de Esporte a Motor da Federação Internacional de Automobilismo.
Imprensa também segue protocolos de para controle da Covid-19
O jornalista esportivo Victor Moreira conta que os profissionais da imprensa em Minas Gerais também precisam apresentar o comprovante de vacina:
“Para entrar no estádio, precisamos somente de mostrar o cartão com o ciclo vacinal completo (xerox do cartão). Mas já chegamos a ter de mostrar o RT-PCR em todos os jogos no começo da pandemia. Na época, fiz mais de 40 testes”
vICTOR MOREIRA, JORNALISTA ESPORTIVO DA TV ALTEROSA

O repórter da TV Alterosa também disse que os protocolos estavam sendo fiscalizados com mais rigor. Agora, o controle acontece de forma mais rigorosa nas competições nacionais promovidas pela CBF, como o Brasileirão e a Copa do Brasil.
“Nós ficamos todos juntos. Porém, no Mineirão, existem acrílicos que separam as mesas. Sempre tiveram eles lá. No Independência a gente precisa saltar uma cadeira e sentar na outra. Inclusive, a cadeira em que não podemos assentar fica “lacrada”, completa Victor.
Victor moreira, jornalista esportivo da tv alterosa
De acordo com a Associação Mineira de Cronistas Esportivos, a AMCE, a imprensa cumpre o protocolo estabelecido pela autoridade sanitária da prefeitura de cada cidade:
“Em geral, o protocolo exige apresentação do certificado de vacinação completa para todos os profissionais que têm permissão de acesso ao estádio. No início, algumas prefeituras estavam exigindo o comprovante de testagem (RT, PCR ou Antígeno). Agora, a exigência é só certificação de vacinação completa. Quem monitora é a organização de cada evento. A AMCE apenas orienta seus associados para o cumprimento do protocolo, inclusive quanto ao uso de máscara, álcool em gel e distanciamento social”
lUIZ carlos gomes, Presidente da associação mineira de cronistas esportivos
