Preparação e preocupação: a rotina dos atletas durante a pandemia

A poucos meses das Olimpíadas, esportistas ainda precisam adaptar os treinamentos e estão sem competições

Por Maria Carolina Gonçalves, Diego Silva, Larissa Oliveira e Natalia Oliveira Souza

Pandemia de Covid-19 mudou rotinas e planos de atletas olímpicos. Foto: Canva

A Olimpíada pode ser o principal evento esportivo do mundo, mas está longe de ser a única competição da vida de um atleta. Entre os quatro anos que normalmente separam uma Olimpíada de outra, há uma intensa rotina de treinos e competições que, mais do que servir como um aquecimento para o grande evento, são a vida desses esportistas. Um cenário que foi completamente abalado pela pandemia de COVID-19. Competições canceladas, ginásios fechados e a necessidade de adaptar todo o dia-a-dia de um atleta profissional dentro da própria casa.

No Brasil, a situação grave da pandemia coloca os atletas em situações ainda mais preocupantes. Além do contexto de isolamento social, a descoberta da nova cepa do coronavírus no país, levou países a restringir a entrada de pessoas que saem do Brasil. Em março de 2021, mais de 110 países estabeleceram restrições pesadas para todos que saem do nosso país e não são nativos do país de destino. O controle inclui desde quarentena obrigatória até o fechamento total de fronteiras para quem não se aplica à regra.

Foto: Reprodução / CNN Brasil

Segundo o fundador do portal Surto Olímpico, Regys Silva, que cobre desde 2011 a competição e a preparação para ela, a situação é preocupante:

“O Brasil está se tornando o epicentro disso. E o Japão está em estado de emergência. Para o atleta brasileiro, provavelmente vai ter que ter um monte de teste, sair com muita antecedência para passar a quarentena. Vai ter que ser alerta máximo, para não ter perigo de contaminar o restante. Tem muita cara que vai prejudicar bastante.”

regys silva, fundador do portal Surto Olímpico
Regys Silva durante o trabalho de cobertura da Rio 2016. Foto: Reprodução / Twitter

Esta será mais uma das situações que os atletas brasileiros precisarão enfrentar para alcançar o sonho olímpico. Anteriormente, eles já precisavam lidar com o fato de a vacinação em outros países estar em estágio mais avançado, possibilitando o retorno ao treino presencial com antecedência em comparação ao Brasil. É o que conta Lucas Tobias, atleta da ginástica de trampolim:

“Enquanto estamos treinando em casa, só com a preparação física, muitos atletas de fora estão treinando no ginásio. Queira ou não, isso deixa a gente um pouco para trás. Não é de um dia para o outro, ou dentro de um mês, que a gente volta a um ritmo normal de treinamento. Para voltar ao ritmo em que parei um ano atrás, demora no mínimo uns três meses.”

Lucas Tobias, atleta OLÍMPICO da Ginástica de Trampolim
Lucas Tobias, atleta da ginástica de trampolim. Foto: Reprodução / Acervo Pessoal

Mas há também quem tente tirar o melhor do adiamento das Olimpíadas. Laís Nunes é atleta do wrestling há 14 anos e, como atleta, o grande impacto em sua vida foi a preparação, já que as academias e centros de treinamentos estão fechados.

“Não me limitei a isso, continuei fazendo minha preparação em casa. Preferi olhar pelo lado bom, como sendo uma oportunidade de mais um ano de preparação para chegar melhor em Tokyo” conta Laís.

Laís nunes, atleta olímpica de wrestling
Laís Nunes, atleta do wrestling já classificada para Tóquio. Foto: Reprodução / Acervo Pessoal

Apesar de todo contexto pandêmico e dos problemas de percurso na preparação, Laís considera que manter os jogos de Tokyo para julho ainda é a melhor decisão: “Acredito que até os jogos muitas coisas já vão ter se estabilizado e melhorado, grande parte da população vacinada, os protocolos deixarão mais seguros.

Ela ainda reforça que “O COI tem pensado em decisões e protocolos mais rígidos visando a saúde dos atletas e de todos os envolvidos. Além disso, poder fechar todo esse cenário deixado pela pandemia com os Jogos Olímpicos representa um novo tempo de mudança, melhoria, um momento de cura”.

Já Regys não é assim muito otimista. Segundo ele, se o COI e o comitê realizador optassem por não realizar o evento em julho, ele seria cancelado permanentemente, com a próxima Olimpíadas acontecendo em 2024, em Paris.

“No mundo ideal, é não fazer (a Olimpíada de Tóquio). Nem acredito que estou dizendo isso. Sou louco por Olimpíada, claro, mas temos que ter consciência. O COI e o comitê organizador vão para o tudo ou nada por questão financeira. Eu não achei uma coisa boa, mas… Se prepare para virar noite, porque vai acontecer. Vamos torcer para ser a melhor olimpíada dentro de uma pandemia”, conclui ele.

regys silva, fundador do portal Surto Olímpico

Confira abaixo os melhores trechos da entrevista com nossos três convidados:

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